O Cerrado - Julho/2001
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Por Danilo Pires
Havia dois dias que aquele grupo de excursão se encontrava na cidade de San Tiago, no Chile. O hotel em que eles estavam ficava no Centro. Durante esse período os turistas brasileiros e, em grande maioria, jovens, notaram algumas diferenças culturais. A principio o sotaque cantado chamou a atenção daqueles que tinham algum domínio da língua espanhola. Pode-se também notar que a feição da população parecia com a dos índios. Com um pouco mais de tempo na cidade, se percebeu que, como bons latinos, a população chilena era simpática e alegre. Além de características comuns à população latina, havia outras iguais a qualquer lugar do mundo. Urbanisticamente o Centro se pareceu com São Paulo, e tendo como referência o número de multinacionais (alimentação, vestuário e combustível) instalados ali, parecia com qualquer grande metrópole do mundo. Após uma manhã de compras e passeios, as pessoas decidiram por almoçar no Shopping. O grupo sofreu uma divisão entre as pessoas que comeriam em lanchonetes multinacionais ("Mc’Donalds", "Pizza Hut", "Taco Bells") e aquelas que preferiram prestigiar as lanchonetes e restaurantes locais. Umas oito pessoas do grupo optaram por uma lanchonete chilena que apresentava o nome em inglês, a "Mister Burguer". Todos pediram o mesmo sanduíche que tinha como opcional “queso o palta”. O único “hispano hablante” perguntou se os colegas gostariam de experimentar a tal da palta. Apenas um se contentou com o queijo. Enquanto isso a moça fez o pedido por microfone e perguntou se eles queriam algo para beber. Um dos jovens, em uma súbita empolgação, disse que queria “pitchula guaraná”. O integrante do grupo talvez não tivesse conhecimentos que os produtos "pitchula" não são de uma multinacional, e tem seu mercado concentrado apenas na região sudoeste brasileira. Talvez não soubesse que guaraná é uma fruta brasileira. Fato é que esse pedido gerou um grande constrangimento na moça do balcão. O rapaz enfaticamente dizia arranhando um “portunhol”: “pitchula, quero pitcula....tiene pichula?”. Ao que a moça, cada vez mais vermelha dizia: “no, no diga esto...por favor”. O jovem parecia obstinado a conseguir o produto, e isto causou muitas risadas nos funcionários da lanchonete. Depois, mais calmo, o jovem explicou que era um refrigerante brasileiro, e a moça, ainda constrangiada disse que no Chile era um palavrão muito feio. Outro balconista disse que “pitchula” é uma gíria utilizada para definir a extremidade do órgão genital masculino. O jovem ficou um pouco constrangido com sua empolgação inicial, e acabou se contentando com uma coca-cola.O “hispano hablante” tentou mais algumas explicações do que era palta, até que a moça lhe falou para olhar uma fotografia que tinha na lanchonete. Neste momento descobriu-se que “palta”, nada mais era que abacate. Aí a moça disse que "palta es lo mismo que guacamole”, mas já era tarde. O pedido já havia sido feito e pelo tempo, já devia estar quase pronto. Vieram os sanduíches acompanhados de um olhar bravo por parte do grupo, em cima do rapaz que falava espanhol. Pouco tempo depois, todos caíram na risada. Apesar de diferente as pessoas gostaram do sanduíche. No final a cena se resumia a um sanduíche de uma lanchonete chilena, com nome americano, com produtos típicos da culinária mexicana, comido por um grupo de brasileiros que queriam comer algo local. Talvez esse tenha sido o sanduíche mais globalizado já vendido.O Conto de Amanhã
Por Marcelo Xaud
Noite fria . Embaixo das cobertas uma criança escuta atentamente. Mundos fantásticos, monstros e heróis, bruxas e princesas... Sustos , emoção e o clímax da estória levam esse jovenzinho a um mundo só dele. Como será que ele imagina a branca de neve? E no fim, a “moral da estória”, às vezes oculta, outras colocadas no rodapé da última página. Dessa forma, os conceitos que o autor, e o leitor, consideram corretos misturam-se ao cotidiano daquela futura personagem da história mundial. Mas isso ainda não é suficiente... Que tal desviarmos um pouco? Na mesma noite, um anônimo senta de maneira desconfortável, cansado , e começa uma leitura. Os mesmo mundos e seres, mas sem sustos e com alguns olhares assustadores. E a parte mais intrigante é contada com uma voz especial. E muitas vezes, as páginas avançam, mesmo com o espectador adormecido.
E o que seria daquela criança sem aquele anônimo? Sem aquele adulto, que apesar de conhecer o lado ruim da história passa segurança, amor, enfim, é um exemplo. O que seria do futuro? Incompleto, pois todos os conceitos do mundo bateria de frente, sem dar tempo de reação. Cairia o escudo , rasgar-se-ia a capa ... E todas as criaturas apareceriam, imbatíveis. O herói encurralado e o final comprometido. Tudo porque a fábula não foi contada. E mesmo fora de casa, uma estória não se desenvolve sozinha. Nem o escotismo. Precisa de sustentação, de um contador, de uma voz especial, do olhar que prepara o susto. E quem mais nesse papel, senão os adultos. E os mais próximos: os pais. Sem essa ajuda, a nossa estória continua no livro. Esperando para ser lida pelos que o sabem fazer. Senão não pode ser compartilhada, imaginada, vivida... E que destino triste para um conto que concentra todas as “morais de estória” num ideal de respeito à pátria , ao próximo e a Deus. Que noite fria faz hoje ...Escotismo e Inclusão Social
Por Clóvis Henrique
No Brasil, segundo estimativas da ONU, aproximadamente 10% da população possui algum tipo de deficiência - física, motora, mental, sensorial ou múltipla. São quase 17 milhões de indivíduos em todo o país. Deste número, calcula-se que mais de um terço é constituído por crianças e adolescentes. Será que o Escotismo está preparado para recebê-los? Digo recebê-los pois é o Escotismo que deve adaptar-se às necessidades especiais destas pessoas. Nas décadas de 60 e 70 a forma de inserção social das pessoas com deficiência, um “modelo médico”, visava habilitar as pessoas para torná-las aptas a satisfazer os padrões do meio social. A partir da década de 80 a integração à sociedade das pessoas com deficiência começou a ser feita através da inclusão social, ou seja, modificamos a sociedade para que possamos acolher os portadores de necessidades especiais com mais eficiência e humanidade. Muitos progressos já foram alcançados nessas duas décadas, também na área da educação inclusiva, no entanto devemos continuar o trabalho para a construção de uma sociedade inclusiva. E o Movimento Escoteiro? Será que avançamos? Com toda certeza. Já houve grupos escoteiros exclusivos para deficientes e agora não temos mais notícia deste tipo de procedimento que vai de encontro à história. Separar as pessoas é exclusão e não inclusão. Se continuássemos com essas ações não estaríamos promovendo Escotismo para todos e sim formando guetos que não são nada democráticos. Educação Inclusiva, esta deve ser a meta. Muitos grupos têm experiências significativas na inserção de jovens portadores de necessidades especiais no Escotismo. Temos também ações como o Projeto “Basta Passar a Ponte” que são inovadoras e que apresentam excelentes resultados. No entanto, precisamos aprimorar a formação dos adultos nessa área. Digo isto pois no grupo escoteiro que pertenço já ocorreram situações constrangedoras que poderiam ter sido evitadas se os escotistas estivessem mais bem preparados. Fiquei muito satisfeito em saber que nos cursos avançados da região do DF a inclusão social faz parte dos temas de estudo. Mas... Quantos escotistas fazem o curso avançado? Não é meu objetivo discutir aqui o porquê desta pouca participação, quero apenas dizer que esse assunto deve ser debatido e estudado desde o início da formação dos escotistas. E nas políticas nacionais de programa de jovens deveríamos ter o cuidado de lembrar de todos os nossos irmãos para que realmente tenhamos ESCOTISMO PARA TODOS.Estamos preparados para a inclusão social? Acho que ainda não, mas temos muitas experiências que devem ser estudadas e aplicadas. Fazer do Escotismo um movimento inclusivo é mais um dos vários desafios que existem para o século que se inicia. Baden Powell mesmo disse que devemos chutar para longe o “IM” do “IMPOSSÌVEL”. Afinal, “alguém que não sabia que era impossível foi lá e fez”.
Cigarro, tão forte que não vale a pena nem experimentar!Por Heloísa Carneiro
A escravidão da nicotina: o consumo diário de cigarros e outros derivados do tabaco provocam uma dependência química. A pessoa fuma cada vez mais! Estatísticas da organização mundial de saúde(OMS) revelam que 3 milhões de pessoas morrem por ano em conseqüência de doenças causadas pelo fumo. De acordo ainda com a OMS, 95% das pessoas que começam a fumar antes dos 20 anos tornam-se dependentes. Segundo os médicos britânicos, esses números de dependentes da nicotina, poderiam ser reduzidos se os governos aumentassem a distribuição de substitutos do cigarro como os adesivos de pele, ou “patches”. Sendo distribuídos gratuitamente, como parte dos programas de combate ao tabagismo desenvolvidos pelos governos de todos os países. Vamos observar o caminho que a fumaça faz logo após da pessoa fumar o cigarro: Em cada tragada, a nicotina percorre as vias respiratórias e atinge de imediato o pulmão. Em seguida, entra na corrente sangüínea, espalhando-se pelo cérebro e outros órgãos do corpo humano. No cérebro, na região do hipotálamo, a nicotina causa a liberação de uma substância chamada dopamina, responsável pela sensação de prazer. Retorna à corrente sangüínea, dando a sensação de saciedade por cerca de uma hora. Todo esse processo dura nove segundos, APENAS! Existem vários métodos que prometem fazer com que um fumante largue o vício, mas o melhor mesmo é não começar. Se o Escoteiro é limpo de corpo e alma, ele não deve maltratar seu corpo com a droga que é o cigarro.SEMPRE ALERTA! E NÃO FUMEM!
AZÁFAMAPor Danilo Pires
Horário de almoço. Espaço de tempo de 2 horas para a maioria dos trabalhadores brasileiros. Intervalo para pegar suas crianças na escola e se deslocar até sua casa para a refeição. Percurso no qual as crianças vão brigando, quando não cantando o último sucesso de “Sandy e Júnior”. Difícil é saber o que é pior... As reuniões profissionais na manhã foram cansativas, o trânsito causou certo estresse, as crianças não cooperaram e, entrando em sua casa, sua esposa reclama de sua bagunça e pelo xixi sujando o vaso. "Tinha que ser homem!". Almoça rapidamente, já devia ter voltado ao seu trabalho a dez minutos e mal acabara de chegar em casa. Quem disse que o homem tem que mastigar 64 vezes para uma boa absorção do alimento, provavelmente não devia ter muito que fazer. Três mastigadas são mais que o suficiente para o trabalhador médio brasileiro. Ao sair da mesa em cronometrados 5 min, segue em direção ao ato de molhar a boca com um pouco de pasta (ato de escovar os dentes de grande parte da população ativa). Depara-se com a conta de luz, água, telefone (fixo e celular), aluguel, prestação do carro, iptu e ipva, pregadas na geladeira, que vencem hoje. Uma bala na boca resolve o problema e parte em direção ao banco. Parece que vários sujeitos médios tiveram o mesmo problema que este. O banco está lotado. Parecendo fila para comprar ingresso de final no Maracanã. Agora ele tem 20 min para chegar ao seu trabalho, que é do outro lado da cidade, com o limite de 1 hora de atraso. Explica ao sujeito que está a sua frente que está com azáfama. Este, apesar de não entender do que se trata, prefere não demonstrar e é solidário como bom sujeito médio brasileiro. Pensando se tratar de enfermidade, cede lugar. O da frente, que havia escutado a conversa, também, e trata de avisar o que está na sua frente. - “Dê o lugar... não vê que o sujeito está com azafama... Pô, queria ver se fosse com você, ou com seu filho." Pode-se notar que algumas pessoas se afastavam, pensando ser uma doença contagiosa. Os cochichos não eram poucos: - “Deus que me livre pegar azafama... eu tenho um monte de coisa pra fazer." - "Coitado... mas é tão novo.", - "Será que pega?" - "Bem que ele tá magrinho e pálido.” Logo um gerente observou a confusão na agência e mandou que um segurança resolvesse. Não foi ele mesmo por precaução. - "Afinal, a agência não pode ficar sem o gerente". Temeroso, mais cumprindo ordens, lá foi o homem... - "Pois não”. Em grave e tão alto som quanto sua imponência. - "É o sr, o da azáfama?" - "Sou sim... por quê?" - "O sr. pode deixar que eu providencio o pagamento e depois levo os comprovantes em sua casa." - "Mas não seria trabalho? Estou azafamado... Se for preciso, eu espero”. - "De forma alguma Sr., nosso banco entende sua situação e deseja melhoras”. - "Está o.k.” Com a agência já fechada, um segurança comenta com o outro... - "Coitado do sujeito, doente e tendo que vir ao banco..." - "Pois é, ´deixa eu´ ver aqui em meu pai dos burros (dicionário) o que é isso." E então a surpresa: "Substantivo Feminino - (ár.az-zahma). pressa, atrapalhação, grande afã." Somos mesmo um Movimento?Por Marcelo Xaud
“E se algum dia acaso, a pátria estremecida de súbito bradar: Alerta, ó Escoteiros. Alerta respondemos...”. Lembra-se deste trecho? Se você já foi um escoteiro segunda classe provavelmente teve de decorar esta canção. O “Rataplan” é considerado por muitos o hino escoteiro, mas a forma mecânica de ensiná-lo tem tornado seus versos vazios. E qual o problema?! Inércia. No dicionário, uma definição aplicável de movimento é : mobilização em torno de um ideal comum. Com a certeza que os nossos dirigentes se esforçam para elevar o escotismo, fica a pergunta: E os membros? O que eles estão fazendo para contribuir ? Sinto informar, mas a resposta limita-se a um : quase nada. Quando nossos pais nos trouxeram, quando nossos amigos nos chamaram , enfim, ao entrarmos nessa fraternidade não fomos informados da importância do termo “movimento”. O nosso ideal todos aprendemos, mas e a mobilização? Temos uma dezena de leis e quando uma delas nos impele à ação, calamos e voltamos a praticar “nós” na sede do Grupo, ao nosso cotidiano confortável. Ao que parece, discussões e protestos só cabem aos radicais de plantão. Um exemplo: Há alguns meses estava para ser votado um projeto que reduziria a 50% o tamanho da floresta Amazônica a ser preservada (com possibilidade de redução a 20%). E o que fizemos? Somos os amigos dos animais e das plantas, mas não tivemos coragem de tomar uma posição. Mais uma vez, calamos... Mas que belos amigos! E o pior é que nem ao menos cobramos uma posição firme da U.E.B contra este descaso com nosso meio ambiente. Somos mais de sessenta mil membros. E ainda não aprendemos a nos mobilizar. Nos acomodamos à sombra dos dirigentes, que apesar da boa intenção não podem adivinhar nossos anseios. Adivinhar, já os Congressos de Jovens Líderes chegam a ser cancelados por falta de participantes. Assim somos subestimados, e com razão! Somos imaturos, ainda... Será? Então, respondei escoteiros: Alerta!!! Jamboree Mundial!Por Carolina Torres
Atenção, escoteiros! Primeira chamada para o vôo 273 com destino a Tailândia (Ásia). Embarque no portão 10. E boa viagem ! Isso mesmo, estamos falando do XX JAMBORE MUNDIAL que acontecerá no período de 28 de dezembro de 2002 a 8 de janeiro de 2003. Você pode até esta pensando: "Tá" cedo ! Mas eu posso assegurar, para quem sonha em estar em um Jamboree já é hora de começar a planejar. Sabe por quê? Porque o custo de passagem mais alimentação, enxoval ente outros esta inicialmente estimado em U$ 2.300,00 . É aí que começar toda a nossa estratégia: Vale pedir para transformar o presente de aniversário, de natal e até do dia dos namorados em dinheiro. Isso mesmo: grana! Peça para o tio, para os padrinhos, para avó, avô , pai, mãe... e por aí vai. A previsão é que lá estejam reunidos cerca de 30 mil escoteiros , de mais de 80 países .Poderão participar os escoteiros de 14 a 17 anos que estarão divididos em patrulhas de nove elementos, e serão acompanhados por um chefe. Vamos ! Movimente-se ! Transforme o seu sonho em realidade. Ainda há tempo. Maiores informações acesse www.ueb-df.org.br e boa viagem !Pensar em ecologia é exagero?
Por Clóvis Henrique
Um dia desses eu estava, enquanto aguardava o professor entrar em sala, lendo uma reportagem sobre a destruição da natureza ocasionada pelo homem. Nisso uma colega me interrompe e diz ironicamente: - "Essa revista está bem interessante, hein? Com tanto assunto importante vem com esse papo de ecologia!" Olhei para ela e iniciamos um interessante bate-papo que quero relatar aqui, a guiza de reflexão.
Disse a ela que ecologia é um tema, em minha opinião, recorrente sim e que quanto mais se falasse e tentasse conscientizar as pessoas, menor seria o mal provocado pela humanidade à natureza. Ela insistiu afirmando que os ecologistas são muito pessimistas e que essa história de destruição é irreal. Bem... Argumentei dizendo que muitos cientistas já haviam confirmado que o homem está de fato acelerando o aquecimento do planeta e extinguindo espécies da fauna e da flora. Ela retrucou falando que o aquecimento é natural e que as espécies extinguem-se também naturalmente. Consegui convencê-la, ao menos, que o homem acelera o processo. Ufa! Sabe... Nossa conversa se prolongou até o professor iniciar a aula, mas ela sempre bateu na tecla que é exagero pensar no fim dos recursos naturais e que preservar não é necessário. Será mesmo? Em 1900 éramos 1,6 bilhões de humanos, hoje já somos mais de 6 bilhões. A economia vigente está sempre buscando crescimento e não sustentabilidade. Será que isso terá fim um dia? Não sei. Mas acredito que nossos recursos naturais são esgotáveis e se não preservarmos o que temos, em pouco tempo tudo será mais difícil. Hoje em dia já está complicado conseguir água para determinados povos. Imagine se não preservarmos! Nosso país está à beira de um colapso energético. É, talvez a palavra colapso seja forte e de facção extremista, mas a verdade é que um racionamento já é real. Inclusive o racionamento de água, comum em cidades brasileiras. Imagine se não cuidarmos do que ainda existe! Pessoas! Somos parte da natureza e não donos. Se tivéssemos uma relação um pouco mais respeitável poderíamos evitar sofrimento e mortes. Quer um exemplo? Aqui no DF o problema da água está cada dia mais grave e mesmo assim as pessoas continuam construindo em áreas de proteção ambiental, o governo continua desrespeitando os estudos de impacto ecológico e nada é feito. Falta fiscalização, punição, consciência.Enquanto o rico não sentir na pele as conseqüências de sua ganância, a natureza não terá descanso. Triste. Triste fim nos aguarda. Essa é mais uma frase extremista? Talvez sim, talvez não. Só uma coisa... Eu não quero pagar para ver. Prefiro fazer minha parte na preservação. E você?
O Parasita
Por Marcelo Xaud
Certa vez observava uma atividade de seção do meu grupo escoteiro. As atitudes levaram-me a um pensamento. Expressá-lo em metáforas é a única forma de não agredir a ninguém. Imaginem uma célula. Todas as funções vitais reunidas num espaço mínimo. Certo dia dois destes seres mononucleados conversam:- E aí?
- Cansado.
- De quê? Nossa vida é uma beleza. A natureza nos oferece tudo que precisamos. Nosso esforço é quase nenhum. Basta aproveitar e ... - É isso que me cansa. Sempre os mesmos prazeres e preocupações. Acho que inventei o tédio. - Bobagem. Está reclamando à toa. Alimente-se, produza glicose e beba um pouco de água. Assim você se acalma. - Não quero me acalmar. E além disso, você sabe muito bem que esse negócio de água com açúcar é psicológico. E eu nem tenho cérebro! E quer saber de uma coisa, esse esquema de uma só célula me encheu. Vou tentar crescer, duplicar... - Não faça isso! Ninguém nunca fez isso antes. O gasto energético deve ser tremendo. Você pode morrer ou... - Olha, Olha! Estou conseguindo... Estou me... di... vi... din... do. Quase.... Quase... Veja! Agora eu já sou dois! - Nossa! - Lá vou eu de novo. [quatro – oito – dezesseis]. - Cara, você está enorme ! Aproveita e me arruma um pouco de comida. - Claro, mas me dá um tempinho... Ei! Não está na hora de você voltar para casa? - Está. Mas, pensando bem, com você deste tamanho, acho que não saio mais daqui. É mais seguro. - Desde que não me atrapalhe... - Você não vai nem notar a minha presença. - Olha! Estou começando a sentir nitidamente seus movimentos. - É, taí. Progressos contínuos... - Você devia tentar. - Não. Não vale a pena. - O quê? - Correr os riscos... Entenderam o medo?Escotismo e Trabalho Voluntário
Por Clóvis Henrique
“Líder a serviço do próximo.” Esse é o homem e a mulher que pretendemos oferecer à sociedade. O Projeto Educativo da União dos Escoteiros do Brasil estabelece que os serviços a comunidade são expressão real dos Princípios do Movimento e uma técnica educativa específica. “Aprender, servindo, é uma forma de conhecimento de si mesmo, de integração social efetiva, de estímulo à iniciativa e de assimilação de valores como justiça, respeito aos direitos alheios e solidariedade.”
Será que o Movimento Escoteiro tem alcançado o objetivo de formar líderes a serviço de suas comunidades? Esse serviço que estamos nos referindo não é apenas aquela tão famosa “Boa Ação Coletiva”. Isso é muito pouco! Assistencialismo não resolve em nada os problemas e com toda certeza os jovens do Movimento são capazes de fazer algo mais produtivo e eficiente. Além do mais a ação voluntária não é orientada simplesmente à assistência do outro, mas ao crescimento de ambos. Nossos jovens com o trabalho voluntário podem ter grande crescimento como pessoas e cidadãos, o serviço ao próximo é realmente uma técnica educativa.
“Estamos muito preocupados em fazer Escotismo e por isso não temos tempo para fazer Escotismo.” Essa frase ilustra a realidade de muitos Grupos Escoteiros no Brasil. Enquanto estivermos preocupados em formar ESCOTEIROS não teremos tempo para formar CIDADÃOS. Será que não privilegiamos atividades essencialmente escoteiras em detrimento de atividades educativas? Essa pergunta deve ser objeto de nossa reflexão.
O projeto educativo apresenta o Escotismo como um “movimento que procura ter uma participação ativa e positiva nas grandes questões nacionais, tais como: distribuição de renda, proteção ao meio ambiente, menores e drogas, por exemplo”. Citando ainda o texto: “estimulamos internamente a discussão desses temas e especialmente incentivamos o desenvolvimento de projetos envolvendo essas questões” (grifo nosso). Será que estamos estimulando o desenvolvimento de projetos bem estruturados ou apenas visitas a creches, arrecadação de donativos, e outras “boas ações coletivas”?
No Brasil cada vez mais torna-se importante a participação do terceiro setor, a sociedade, nas questões nacionais. O Movimento Escoteiro como um movimento de jovens deve ter sua parcela de contribuição nessas questões. Participação ativa e não nominal. Não queremos que os jovens que foram escoteiros sejam cidadãos apenas na “boca de urna”. A cidadania desejada deve ser um ato de efetiva participação.
A União dos Escoteiros do Brasil adotou para o ano de 2001, ano internacional do voluntariado, o tema: “Escotismo Voluntário”. Devemos assumir o compromisso de não apenas utilizarmos esse tema em nossas “credenciais escoteiras”. Precisamos refletir sobre o tema e estabelecer ações efetivas, para que nosso movimento não fique a margem do processo que está acontecendo em nível global.
Como diz aquela famosa frase que está virando chavão: “Pense globalmente, aja localmente!”
Equipe de O Cerrado:
Ramo Escoteiro - Carolina Torres. Ramo Sênior - Paula Barreira. Ramo Pioneiro – Clóvis Henrique e Danilo Pires. Colaboradores - Jefferson Matos, Marcelo Xaud e Thiara Torres.